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sábado, 28 de julho de 2012

Quem é Deus? (parte 10)


Deus é justiça! “A honestidade e a justiça são as bases do teu reinado. Tu és fiel e amoroso em tudo o que fazes.”(Slm 89:14)

Lendo os jornais desta semana, deparei-me com a grande preocupação da mídia em relação ao julgamento do chamado “mensalão”. Trata-se do julgamento que será feito pelo Supremo Tribunal Federal de políticos envolvidos em um velho, porém sempre atual esquema de corrupção nas altas esferas do governo.

Resumindo o processo: vários parlamentares e outros envolvidos são acusados de terem recebido dinheiro em troca de se omitirem e votarem sempre a favor das ações desonestas do governo.O “mensalão” é o salário pago pela omissão daqueles que têm a obrigação apontar os erros do governo; o “mensalão” é o preço pago pela consciência dos desonestos.  

Obviamente que o resultado do julgamento não agradará em nada a opinião pública que exige sempre uma condenação exemplar aos políticos corruptos. Nenhum ser racional acredita que os verdadeiros culpados serão condenados, até mesmo porque os verdadeiros culpados nem fazem parte do processo. Os “verdadeiros” culpados não sabiam de nada, estavam alheios ao mar de corrupção que os rodeava e que os havia colocado no poder. Ou seja, a coisa toda é pura encenação, show e fantasia! É o circo Brasil!

E não deveríamos mesmo esperar nada de diferente em um país onde a lei que impera na vida das pessoas é a vontade de sempre levar vantagem em qualquer situação; conseguir o maior ganho com o menor esforço; alcançar as maiores benções com os menores padrões de santidade; ser ouvido por Deus aos berros sem um pingo de humildade e serviço ao próximo. Ora, onde a ética da vida privada está invertida, a justiça pública se torna uma privada!
   
Mas por incrível que pareça, a maioria das pessoas ainda espera algo de bom da justiça deste mundo. Infelizmente, nos preocupamos muito com a justiça do mundo e pouco com a justiça de Deus. Se nos preocupássemos mais em entender e imitar a justiça de Deus, estaríamos libertos das aflições e frustrações em relação à justiça humana.

O que é a justiça de Deus?

O significado básico de justiça é: “dar a cada um o que merece”. A primeira distinção entre a justiça de Deus e a justiça dos homens é que os homens julgam apenas as pessoas e os fatos e não as causas interiores. Todavia, Deus julga as pessoas e as causas mais profundas, conforme parâmetros imperceptíveis. “Você pode dizer que o problema não é seu, mas Deus conhece o seu coração e sabe os seus motivos. Ele pagará de acordo com o que cada um fizer.”(Provérbios 24:12)

O julgamento de Deus é profundo e vai além das coisas que estão visíveis nas pessoas e nos fatos. Por isso, a justiça de Deus é inquestionável. Ele vê e conhece o que o homem nem sequer imagina que existe. Só o criador conhece as engrenagens de sua criação. Deus executa seu julgamento segundo a sua santa e perfeita vontade. Sentimo-nos injustiçados por desconhecermos e não praticarmos a real vontade de Deus. “Mas quem é você, meu amigo, para discutir com Deus? Será que um pote de barro pode perguntar a quem o fez: ‘Por que você me fez assim?’” (Rom 9:20)

Onde podemos identificar a justiça de Deus?

A justiça de Deus é perceptível na premiação dos justos e no castigo aos infiéis. Os justos podem sofrer aflições momentâneas, afinal, a justiça humana nunca é perfeita. Mas há uma premiação eterna reservada, não porque os fiéis mereçam, mas em razão da promessa de Deus. “Deus não é injusto. Ele não esquece o trabalho que vocês fizeram nem o amor que lhe mostraram na ajuda que deram e ainda estão dando aos seus irmãos na fé.”(Heb 6:10)

Deus é justo ao permitir que os infiéis prosperem?

É comum ver a impunidade e a injustiça nos tribunais humanos. Mas Deus não é injusto. Todavia, ele permite a injustiça como forma de castigar uma sociedade alienada de seus valores e de suas exigências. Deus permitiu, por exemplo, que o rei da Babilônia escravizasse o povo de Israel como forma de puni-los pela idolatria. Porém, a soberba do rei não durou para sempre. Nabucodonozor foi duramente punido e o reino da Babilônia ruiu em pouco tempo.

Deus também permite a prosperidade do infiel como instrumento de misericórdia, dando-lhe tempo e oportunidades graciosas para que o arrependimento brote em seu coração endurecido e embrutecido. Deus adia o seu julgamento, mas não anula a sua justiça. “Eu lhe dei tempo para abandonar os seus pecados, porém ela não quer deixar a imoralidade.”(Apo 2:21)

Deus ainda deixa os infiéis se darem bem por algum tempo como forma de testar a confiança dos seus escolhidos em esperar o tempo de Deus e deixar que busquem refúgio na presença do altíssimo. “Porém, quando vi que tudo ia bem para os orgulhosos e os maus, quase perdi a confiança em Deus porque fiquei com inveja deles... Porém, quando fui ao teu Templo, entendi o que acontecerá no fim com os maus. Tu os pões em lugares onde eles escorregam e fazes com que caiam mortos.”(Slm 73:3;17-18)

Deus é justo ao permitir que o justo sofra aflições?

As aflições do santos podem ser motivadas em razão de suas falhas. Santo Agostinho dizia que os caminhos de Deus para julgar podem ser secretos, mas nunca injustos. O Senhor não aflige seu povo sem algum propósito definido. Os próprios filhos de Deus apresentam manchas e precisam passar por um processo de purificação, quase sempre doloroso. As aflições são provas do amor disciplinador de Deus. “No mundo inteiro, vocês são o único povo que eu escolhi para ser meu. Por isso, tenho de castigá-los por causa de todos os pecados que vocês cometeram.”(Amós 3:2)

As aflições são também uma forma de nos tornarmos participantes da santidade vinda de Deus. “...mas Deus nos corrige para o nosso próprio bem, para que participemos da sua santidade.”(Hebreus 12:10)

Deus é justo ao salvar uns e punir outros?

Embora uns sejam salvos e outros pereçam, não há injustiça por parte Deus, pois quem se perde é culpado por isso. Se uns recusam livremente a oferta da graça, seus pecados devem ser considerados como causa de sua perdição, mas não a justiça de Deus. “A tua ruína, ó Israel, vem de ti, e só de mim, o teu socorro.”(Oséias 13:9)

Eis aí uma pedra de tropeço para a fé de muitos. A tendência diabólica de querer limitar a justiça de Deus aos padrões humanos é fonte de rebelião. Deus é soberanamente livre em suas decisões. A pecaminosidade humana é tão profunda que nos impede de uma compreensão plena da escolha de Deus em favor de seus fiéis. “Pois o homem que faz o pote tem o direito de usar o barro como quer. Do mesmo barro ele pode fazer dois potes: um pote para uso especial e outro para uso comum. E foi isso o que Deus fez. Ele quis mostrar a sua ira e tornar bem conhecido o seu poder. Assim suportou com muita paciência os que mereciam o castigo e que iam ser destruídos. Ele quis também mostrar como é grande a sua glória, que ele derramou sobre nós, que somos aqueles de quem ele teve pena e a quem ele já havia preparado para receberem a sua glória.”(Romanos 9:21-23)

Conclusão

Até aqui, vimos a grandeza da justiça de Deus e a podridão da justiça humana. Porém, cabe ao homem que tem fé verdadeira, ao invés de tanto questionar, buscar imitar sua santa e pura justiça através de regras bem simples. Podemos denominar esta regra de “ética da simplicidade”, que consiste em praticar um princípio bem simples dado pelo próprio Deus em sua Palavra: “Façam aos outros o que querem que eles façam a vocês; pois isso é o que querem dizer a Lei de Moisés e os ensinamentos dos Profetas.”(Mateus 7:12)

Antes de cobrar posturas severas de governantes ímpios e infiéis, devemos cobrar posturas éticas e sérias de nós mesmos. Se você não quer ser enganado, então não engane. Antes, sofra o engano, mas não engane.Ser ético é fazer o que é certo e desprezar o errado. Preocupemo-nos em sermos exemplos em nossa justiça diária, em nossos relacionamentos, em nossos posicionamentos diante do mundo.

Calma! Deus é justo e haverá um dia de julgamento. Um julgamento definitivo e perfeito. Agora as coisas estão sem rumo, o pecado é crescente, e não encontraremos justiça perfeita aqui, mas o dia se aproxima quando Deus endireitará todas as coisas. Deus fará justiça a todo homem, coroará o justo e condenará o infiel. “Pois ele marcou o dia em que vai julgar o mundo com justiça, por meio de um homem que escolheu. E deu prova disso a todos quando ressuscitou esse homem.”(Atos 17:31)
“Mas, se alguém sofrer por ser cristão, não fique envergonhado, mas agradeça a Deus o fato de ser chamado por esse nome. Pois o tempo de começar o julgamento já chegou, e os que pertencem ao povo de Deus serão os primeiros a serem julgados. Se esse julgamento vai começar conosco, qual será o fim daqueles que não crêem no evangelho de Deus?”(1Pe 4:16-17)


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