“E fez um voto, dizendo: "Ó Senhor dos Exércitos, se tu deres
atenção à humilhação de tua serva, te lembrares de mim e não te esqueceres de
tua serva, mas lhe deres um filho, então eu o dedicarei ao Senhor por todos os
dias de sua vida, e o seu cabelo e a sua barba nunca serão cortados".
Enquanto ela continuava a orar diante do Senhor, Eli observava sua boca. Como
Ana orava silenciosamente, seus lábios se mexiam mas não se ouvia sua voz.
Então Eli pensou que ela estivesse embriagada e lhe disse: "Até quando você
continuará embriagada? Abandone o vinho! " Ana respondeu: "Não se
trata disso, meu senhor. Sou uma mulher muito angustiada. Não bebi vinho nem
bebida fermentada; eu estava derramando minha alma diante do Senhor.”(1Sm
1:11-15)
O sofrimento é, infelizmente, um sentimento universal. Não existe
neste mundo quem esteja imune a ele. Quando o ser humano resolveu se deliciar
com os enganosos frutos da árvore do conhecimento do bem e do mal (Gn 2:17), o
mundo entrou em um círculo vicioso de nascimento, sofrimento e morte.
O sofrimento acompanha a vida enquanto a morte não chega. A livre
escolha que poderia ser feita para o bem, foi feita para o mal. E deu no que
deu! Não fosse a misericórdia de Deus em enviar seu filho unigênito ao mundo para
se sacrificar em nosso lugar, estaríamos ainda passíveis da danação eterna.
O texto bíblico acima nos mostra o auge da angústia vivida por uma
serva de Deus. Ana era uma mulher temente a Deus e fiel cumpridora de seus
compromissos familiares. Mas nem por isso estava imune aos sofrimentos. Ela não
podia ter filhos. Chega a ser estranho, pois nos dias atuais, para a maioria do
mundo ocidental, ter filhos é um grande sofrimento. Mas houve um tempo em que os
filhos ainda eram considerados uma benção divina e motivo de honra para os
pais!
Exatamente por não poder ter filhos, Ana ainda era obrigada
a tolerar, da outra esposa de seu marido, os insultos e a humilhação em razão
de sua condição de mulher estéril. Mesmo sendo a preferida do marido, de nada
adiantava, pois continuava a suportar o insuportável. Se considerarmos o
contexto da época destes fatos, percebemos que a frustração dela é inimaginável.
Pois bem, qual foi a atitude de Ana diante da aflição e da
dor? Oração. Mas não foi uma mera oração repetitiva, forçada, decorada, cheia
de rituais e misticismo. Ana orou com fervor e com silêncio. Algo que muitos
consideram impossível hoje em dia.
Após o homem escolher distanciar-se de Deus, a oração
tornou-se meio privilegiado para se resgatar parte da intimidade perdida com a
opção pelo pecado. Não raras vezes, as aflições e as angústias da vida são instrumentos que nos
permitem parar e ouvir o chamado de Deus para uma reconciliação.
Assim como hoje, orações verdadeiramente fervorosas estavam
esquecidas naquele período histórico. A expressão de fé era mera fachada e
ritualismo. Não havia essência de espiritualidade. O próprio sacerdote Eli, omisso
na criação de seus filhos, não mais reconhecia a verdadeira busca de Deus
através da oração.
Porém, Ana estava além do mundo frívolo que a cercava. A sua
busca era por Deus. Ela não buscava um Deus que simplesmente lhe concedesse um
filho, como se este fosse um troféu a ser exibido. Mas orava em busca do Deus único,
vivo e verdadeiro, a quem ele iria oferecer este filho ao serviço de Deus por
toda a vida. Ela queria um filho para Deus e não para si própria.
Será que ao oramos, se é que temos orado sinceramente, estamos
buscando um compromisso sério com Deus ou simplesmente praticando um ritualismo
vazio ou mesmo tentando fazer uma barganha desrespeitosa. Ana comprometeu-se
com Deus em oração e Deus a ouviu.
A razão dos nossos pedidos em oração têm sido a glória e o
serviço de Deus ou os nossos próprios prazeres?
"Se creres verás a glória de Deus" (João 11:40)
ResponderExcluirAcreditar apenas quando há possibilidades, é uma fé sem glória. O crescimento espiritual, só acontece efetivamente, quando a fé não é condicionada ás circunstâncias.
Ver a glória de Deus manifestada na nossa vida, prescinde a que? A termos fé genuína em Deus.
Me refiro a fé genuína, quando acreditamos em Deus, mesmo estando diante de situações aparentemente sem saída ou quando não desistimos de orar, até recebermos uma resposta de Deus, sendo perseverantes. Porém, cientes de que Deus sonda os nossos corações, e sabe se os nossos motivos são bons e contribuem para a honra e glória do seu nome.
O bom da fé genuína, é que além dela nos levar a confiarmos em Deus, nos permite, olhar pra trás e ver o quanto evoluímos na presença de Deus, e olhar para o futuro tendo a certeza de que ainda existem muitas conquistas para realizarmos, e assim podermos dizer: "Até aqui nos ajudou o SENHOR.” (1ºSamuel7:12)
È óbvio que, existem situações que nos desafiam a acreditar na solução de Deus para tal problema, e muitas vezes, nos deixamos abalar pelas circunstâncias ruins que nos rodeiam.
Que mesmo em meio a situações aparentemente impossíveis de serem resolvidas, possamos nos lembrar sempre que "Tudo é possível ao que crê." (Marcos 9.23)
Fabrícia Leite.